Pedagogia de abril 2015
Abril de 2015 pode ser definido como um mês totalmente pascal, para ser vivido na espiritualidade da alegria pascal, com a jubilosa esperança de um tempo novo para toda humanidade. Tempo novo marcado pela paz que o Ressuscitado oferece a seus discípulos e discípulas; marcado pelo serviço solidário e fraterno, para que o mundo seja a casa onde o amor favoreça o cultivo da vida plena.
A luz da Paixão de Jesus Cristo
No ano passado (2014) propomos refletir o Tríduo Pascal à luz da Morte de Jesus Cristo. Foi nossa primeira experiência de enfocar o Tríduo Pascal à luz de um único tema, para iluminar as celebrações pascais da 5ª feira Santa, da 6ª feira Santa e do Sábado Santo. Diante do resultado positivo do ano passado, neste ano retomamos a mesma proposta, refletindo o Tríduo Pascal à luz da Paixão de Jesus Cristo.
Focar o Tríduo Pascal a partir da Paixão de Jesus é um modo de considerar a profundidade e a totalidade do sofrimento vivido por Jesus. Ele passou — fez sua Páscoa — na Paixão, no sofrimento. A Paixão de Jesus é também Páscoa, é passagem pela totalidade da dor humana, presente no sofrimento espiritual, psicológico e corporal, pelo qual passou. Jesus foi provado e purificado pelo sofrimento de sua Paixão. É, portanto, contemplando a Paixão de Jesus que podemos melhor compreender e encontrar o sentido divino no sofrer humano.
Depois de presenciarem o drama da Paixão, todo o sofrimento pelo qual Jesus passou e a que estado ficou reduzido, é possível imaginar a dimensão e a profunda surpresa dos Apóstolos, ao constatarem a Ressurreição do Senhor. Os Apóstolos, os discípulos e discípulas de Jesus foram invadidos pela alegria espiritual que ultrapassa a compreensão dos sentimentos humanos até mesmo em grau de comparação. Uma alegria que, na simplicidade da alegria humana, só pode ser formulada com uma frase: “Jesus ressuscitou. Aleluia!”
O caminho pascal – Fé
Depois da Oitava da Páscoa, que se conclui com o 2º Domingo da Páscoa, a Igreja, na dinâmica de catequese mistagógica, apresenta as conseqüências concretas para a vida do discípulo e discípula de Jesus de nossos tempos. Inicialmente, no tradicional encontro de Jesus com Tomé (2DTP), a Liturgia elenca um trio de atitudes e comportamentos próprios do discipulado: a fé, a partilha fraterna e construção da paz. A Palavra deste Domingo anunciará os primeiros resultados da Ressurreição de Jesus, destacando o relacionamento social na fraternidade, a vida nova conduzida pelos paradigmas divinos, o dom da fé e a promoção da paz. Fé que não se resume em conceitos doutrinários ou sentimentos abstratos, mas como necessidade para se participar da vida divina e, concretamente, construir e realizar uma nova sociedade, marcada por relacionamentos da solidariedade fraterna. Um modo de viver e entender com a vida a “Misericórdia Divina”, comemorado no 2º Domingo da Páscoa.
A confirmação na fé, iniciada no 2º Domingo da Páscoa, continuará sendo proposta no 3º Domingo da Páscoa. A Liturgia volta a proclamar a realidade da Ressurreição de Jesus declarando aos celebrantes que Jesus não é um fantasma; ele está vivo e é o Ressuscitado. Deste modo, a Liturgia contempla a Ressurreição de Jesus, obra maravilhosa e prodigiosa realizada por Deus em Jesus, com um convite bem explícito aos celebrantes: converter-se à vida nova, para viver os mandamentos à luz do Evangelho e testemunhar sem medo a fé em Jesus ressuscitado. Uma celebração para favorecer a compreensão das responsabilidades do discípulo e discípula de Jesus a partir da Ressurreição do Senhor. A Ressurreição tem conseqüências no modo de viver, conseqüências com comportamentos que testemunham a fé.
O caminho pascal – discipulado
Depois de insistir com os celebrantes sobre a necessidade da fé e a importância da fé na vida do discípulo e discípula de Jesus, os celebrantes são conduzidos pela pedagogia litúrgica no caminho do discipulado. Jesus Mestre é apresentado como Bom Pastor, aquele que conhece as suas ovelhas e as suas ovelhas conhecem a sua voz (4DTP).
O 4º Domingo da Páscoa alarga a compreensão da Ressurreição a partir dos resultados de quem a vive na fé. Se a cura do paralítico (proclamada na 1ª leitura do 4DTP-B) é algo maravilhoso, mas mais maravilhoso é a Ressurreição de Jesus, que derrama o Espírito Santo na vida humana e nos faz seguidores do Bom Pastor, aquele que dá a vida e nos possibilita viver como filhos e filhas de Deus. Um fato maravilhoso, que convida os celebrantes a anunciar e testemunhar que pela Ressurreição de Jesus, e somente nele, encontra-se a Salvação, e a estrada segura por onde conduzir a vida, no seguimento do Bom Pastor.
Conclusão
O caminho pascal, na pedagogia litúrgica, continuará nos próximos Domingos, destacando a necessidade de se viver intimamente unido a Jesus, como um ramo está unido à uma videira (5DTP-B), e a importância de cultivar o amor fraterno (6DTP-B). Assim completa-se o ciclo pedagógico do Tempo Pascal em vista do seguimento de Jesus. Depois seguirão as celebrações do envio, na Ascensão e em Pentecostes. Um tempo para ser vivenciado na alegria espiritual, a qual deverá marcar nossas celebrações, para que a Ressurreição de Jesus produza frutos de paz e de solidariedade fraterna em toda a terra.
Serginho Valle
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