LITURGIA MUDOU
Serginho Valle
Os mais novos não lembram. Quem está na faixa dos 30 aos 35 também não lembra como era celebrada a Liturgia há anos atrás. Já ouviram falar que a língua litúrgica era o latim. Escutaram os antigos dizer que os padres celebravam a missa de costas para o povo. Alguns chegam até mesmo a se rejubilarem não terem vivido naqueles tempos, porque, segundo contam seus avós, a missa era em mais longa que hoje em dia. Muita coisa mudou mesmo.
Mudou no jeito de celebrar, é claro. O modo de celebrar antes de nós era diferente, mas a razão pela qual se celebrava sempre foi a mesma em todos os tempos. Mudou muita coisa. O local do altar mudou. Antes era colado na parede do fundo da Igreja, agora está na frente, visível a todos. Mudou o local o padre. Antes era lá em cima, perto do altar, agora, ele está mais próximo do povo. Mudou o paramento do padre. Antes o padre usava de cinco a seis peças para celebrar a missa. Hoje o padre usa duas ou três, a túnica e a estola e a casula.
Tantas coisas mudaram na celebração. Mudou o jeito de entender a celebração. Há anos atrás se dizia: “eu vou assistir a missa”. Hoje se diz: “eu vou participar da missa”. Verdade que alguns ainda insistem em “assistir missa”, mas ou é por costume, ou é porque ainda não prestou atenção que a missa mudou e que não dá mais para ser assistida. Mudou o jeito do povo se comportar na Igreja. Antes o povo ficava rezando o terço ou ladainhas ou fazendo novenas para santos e santas durante a missa. Hoje em dia não tem mais sentido fazer isso. Quem vai à missa, reza o terço depois, faz as novenas outra hora, mas não durante a missa. A missa é celebrar. Mudou quanto a música. Antes o coral cantava; eram cantos polifônicos, em latim ou em português. O povo escutava. Era bonito (quando o coral cantava bem). Hoje toda a assembléia é convidada a cantar. Alguns não cantam, por desafinação, outros por vergonha e outros porque ainda estão no modo antigo e preferem ouvir música na igreja.
Quanta coisa mudou na nossa liturgia. Quanta coisa! Leitura? Quem fazia leitura antigamente? Era só o padre. Lia em latim. Poucos entendiam. Mulher fazer leitura? Nem pensar. Aliás, era até mesmo proibido que a mulher subisse no presbitério, quanto mais ler. Hoje não, a mulher lê na Igreja e recebem o ministério do leitorato.
E a distribuição da comunhão. Só padre. Hoje os leigos ajudam na distribuição da Eucaristia. Homens e mulheres. Às vezes algumas pessoas não comungam com os ministros ... Por que será? Será que pensam que Cristo é menos Cristo quando dado por um irmão ou irmã leigo? Ou será que o Cristo da hóstia consagrada que o padre dá está mais presente? Fatos assim indicam que muitos ainda precisam mudar, passando de expectadores para celebrantes.
Referência para publicaçao deste artigo na comunidade (jornal, boletim, rádio...)
Serginho Valle
Coordenador do SAL – Serviço de Animação Litúrgica