Artigos Serginho Valle


Benzer-se para começar a Missa

 Benzer-se para começar a missa 
Serginho Valle 

            
“Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. É assim que iniciamos a missa, benzendo-nos, traçando o Sinal da Cruz sobre nós, invocando a Santíssima Trindade sobre todo nosso ser. 
            O gesto do Sinal da Cruz, inicialmente um pequeno sinal somente sobre a cabeça, teve início nos primeiros séculos do cristianismo. Já o gesto como fazemos hoje, vem do Oriente, com início, provavelmente no século V ou VI. O uso do Sinal da Cruz em nossa Liturgia Romana é datado por alguns historiadores por volta do século XVI, depois do Concílio de Trento, muito embora, outros defendam que o mesmo tenha começado no século X. No tempo do Concílio Vaticano II (1963) alguns liturgistas que trabalharam na reforma do Missal chegaram a considerar desnecessário o Sinal da Cruz para iniciar a missa, uma vez que o início da Missa acontece na procissão de entrada. Foi Paulo VI que insistiu para que o Sinal da Cruz fosse conservado como rito que segue à procissão de entrada. 
            Nós fazemos três vezes o Sinal da Cruz durante a missa: depois da procissão de entrada, no momento da proclamação do Evangelho e na despedida, na bênção final. O padre faz ainda o Sinal da Cruz sobre o pão e o vinho, na Oração Eucarística, no momento da invocação do Espírito Santo (epíclesis). Além disso, quando proclama a Oração Eucarística I (Canon Romano), o sacerdote faz o sinal sobre si mesmo implorando a bênção de Deus e a proteção para sua vida. 
            Na Liturgia Eucarística Ortodoxa, é costume fazer o Sinal da Cruz cada vez que se nomeia Cristo, por exemplo. O Sinal da Cruz é feito várias vezes durante a celebração Eucarística. Os ortodoxos, aliás, fazem o Sinal da Cruz, com dois dedos (indicador e anular) e do modo invertido ao nosso, ou seja, da direita para a esquerda. Na Liturgia Eucarística extraordinária (Missal de Pio V) do nosso Rito Latino também existem vários momentos nos quais se faz o Sinal da Cruz. Alguns celebrantes leigos conservam ainda hoje o hábito de benzer-se no momento da elevação do pão e do vinho consagrados e outros, depois de comungarem, iniciam e concluem sua ação de graças pessoal com o Sinal da Cruz. Tanto na rito litúrgico como na prática pessoal, portanto, há o belo costume de benzer-nos várias vezes durante a Missa. 
            O sentido do Sinal da Cruz é muito simples: com este gesto, acompanhado da invocação da Santíssima Trindade, intercede-se a proteção, a bênção e a presença da Trindade Santa em nossas vidas. No início da Missa quer demonstrar que estamos reunidos em nome da Trindade, como diz a aclamação da acolhida: “bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”. Nunca é demais lembrar a necessidade de valorizar esse rito tão simples no início da missa procurando fazê-lo de modo consciente e bem feito. 

 

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Serginho Valle 
Coordenador Serviço de Animação Litúrgica (SAL) 
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