Celebrações litúrgicas que comprometem
As celebrações, que sempre celebram a fé cristã, comprometem os celebrantes na missão evangelizadora da Igreja. A fé cristã não é um conceito abstrato, limitado a doutrinas ou princípios morais; a fé cristã não é também um crença religiosa. A fé cristrã é uma atitude pessoal de compromisso com Deus, que orienta a mentalidade e o estilo de vida de quem a assume como luz na vida pessoal. As celebrações litúrgicas, nesse sentido, servem como fortalecedoras da fé na vida pessoal dos celebrantes. Para que isso aconteça, é necessário celebrações que comprometam os celebrantes com a fé que professam e vivem. A evangelização só pode acontecer em decorrência da vivência autêntica da fé, no discipulado.
A pedagogia mistagógica e o compromisso evangelizador
Para aqueles familiarizados com o SAL – Serviço de Animação Litúrgica (www.liturgia.pro.br), sabem que as propostas celebrativas são orientadas pela pedagogia mistagógica, considerando a abordagem pastoral do Ano Litúrgico. Cada celebração se conecta com outras celebrações, formando uma continuidade pedagógica para introduzir e orientar os celebrantes no caminho do discipulado. Nessa sequência, os celebrantes, caminhando na estrada de Jesus (discipulado), são conduzidos a fortalecer a fé, celebrada na Liturgia, como compromisso pessoal.
Esse processo acontece especialmente na Liturgia da Palavra, momento em que a Palavra ilumina a vida do celebrante fazendo-o refletir e se comprometer pessoalmente com o projeto do Reino de Deus. Esse processo não acontece espontaneamente. É necessário uma organização e uma estrutura pastoral para ajudar os celebrantes e introduzi-los mistagogicamente na estrada de Jesus. É o papel da PLP – Pastoral Litúrgica Paroquial.
O papel da pastoral litúrgica paroquial (PLP)
A Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP) desempenha um papel essencial na preparação de celebrações que sejam verdadeiramente evangelizadoras, capazes de comprometer a vida dos celebrantes com o Evangelho. Nisso, a necessidade do zelo pastoral litúrgico caracterizado pela participação ativa e consciente nas orações, nas leituras e nas canções... A estrutura da PLP, formada por membros que compreendem e conhecem a pedagogia mistagógica e a dinâmica evangelizadora de cada celebração, é fundamental nas paróquias. Portanto, a importância da formação litúrgica continua daqueles que atuam na PLP, de todos os ministérios.
A formação litúrgica não se restringe a uma organização funcional, como a definição de funções ministeriais; é toda uma estrutura pastoral que sustenta a dimensão formativa da Liturgia em cada comunidade paroquial. A formação em PLP oferece orientações de como estruturar a pastoral litúrgica que prepare celebrações bem planejadas, e isso significa celebrações evangelizadas e evangelizadoras, capazes de fortalecer a fé na vida dos celebrantes tornando-os comprometidos com o projeto do Reino. A Liturgia é vocacionada a tornar os celebrantes compromissados com a fé; não a fé na dimensão de crença, mas na dimensão existencial.
A Liturgia como vocação e compromisso pessoal
A Liturgia não celebra uma crença em Deus, em Jesus Cristo… A Liturgia não celebra uma crença religiosa, mas a fé cristã no Mistério Pascal de Jesus Cristo. Entende-se que os celebrantes celebram a Liturgia porque creem em Deus; essa crença precisa ser transformada em compromisso de vida com o Evangelho, com o Reino. A Liturgia tem a vocação de iniciar os celebrantes no compromisso existencial da fé envolvendo-os de modo consciente nas celebrações.
A importância do envolvimento pessoal nas celebrações está intimamente ligada à vocação cristã como resposta de fé. A Liturgia é um espaço de encontro com Deus onde cada celebrante é convidado a escutar, a refletir e a modelar sua vida com a Palavra de Deus, especialmente o Evangelho. Celebrações bem preparadas têm a função de interpelar e inspirar os celebrantes a abraçar o projeto divino, fortalecendo seu compromisso com o Reino de Deus. Essa dimensão comprometedora, presente em cada celebração, nutre a vocação cristã dos batizados e os encoraja a viver uma vida alinhada com os valores evangélicos e, o mais importante, com uma vida cristã comprometida.
Conclusão: celebrar para comprometer
Volto a repetir: na Liturgia não celebramos uma crença, mas a fé e isso significa celebrar um projeto existencial. A Liturgia não celebra uma crença, celebra a vida divina sendo oferecida para que a vida humana seja plena (Jo 10,10). Para isso acontecer é fundamental a PLP.
É fundamental que as celebrações litúrgicas sejam bem preparadas e estruturadas para atingir a vida e a mente dos celebrantes, conduzindo-os a um compromisso cada vez mais profundo com a fé e com o projeto divino, que definimos como Reino de Deus. É desse modo que a Liturgia realiza o seu papel de fomentar a vida cristã, como pede a SC 1, à medida que alimenta a fé dos celebrantes e os tornam comprometidos com o Reino e com a evangelização.
Serginho Valle
Novembro 2024
Para conhecer o curso de PLP, acesse:
https://lp.liturgia.pro.br/plp1