Pedagogia de outubro 2012

23 de Setembro de 2012


 Missões: iluminar o mundo com a luz da Verdade

 Introdução

            O início de outubro é marcado por vários acontecimentos que irão acompanhar as propostas celebrativas no decurso do mês. O primeiro deles, no dia 7 de outubro, assinala o início do Sínodo dos Bispos, em busca de caminhos para a Nova Evangelização no contexto da sociedade mundial. Nesse mesmo dia, aqui no Brasil, acontecem as eleições municipais, momento importante para a vida social do povo brasileiro nos municípios, o local onde o Brasil é Brasil para a maior parte de todos nós. No dia 11 de outubro tem início o “Ano da Fé”, um novo ano temático proposto por Bento XVI para comemorar os 50 anos do início do Concílio Vaticano II. Um tema de fundamental importância para a Igreja e para todos os cristãos, com a finalidade de purificar a fé e compreendê-la como luz e caminho da vida cristã. Depois, no dia seguinte, 12 de outubro, celebramos a Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Nesta mesma data, 12 de outubro, celebra-se (no Brasil) o “Dia da Criança” que, além da festa, mereceria um grande, amplo e profundo debate entre os adultos. Neste contexto tão rico que o mês de outubro oferece, consideramos fazer as propostas celebrativas iluminando-as na perspectiva missionária da nova evangelização e, evidentemente, com uma iluminação especial do temário da fé.

 
Tudo começa na família

            Depois de contemplar a beleza da criação, Deus considerou a importância do relacionamento. Uma atitude natural para o Deus Trindade, que se relaciona no amor e que, pelo amor, produz vida em abundância. Deus pensou a mesma coisa para o homem e para a mulher; um relacionamento amoroso que produzisse mais vida, que fizesse nascer vida de modo amoroso e, por ser amoroso, responsável e com condições de acolhimento pleno. O que deveria ser o caminho da realização existencial, torna-se para muitos problema, com relacionamentos conturbados e dificultosos. Jesus coloca na dureza dos corações a impossibilidade de partilhar a vida no amor que exige acolhimento e perdão (27DTCB). Entendemos a importância fundamental da nova evangelização para a família, como entendemos que a nova evangelização começa na família, pelo testemunho de um relacionamento amoroso entre o casal, em primeiro lugar, que será refletido na vida dos filhos e filhas.

            O fundamento desse relacionamento começa pelo acolhimento do Evangelho, pelo acolhimento de “Jesus, nossa alegria”, como propõe o tema da novena da Padroeira deste ano de 2012, e inspira a proposta celebrativa da Missa de Nossa Senhora Aparecida. Com a mesma disposição de Maria, cada cristão e cristã é convidado a acolher Jesus para sentir a alegria divina irradiada em seu coração. É Jesus que, no contexto de relacionamentos familiares, mas também no contexto social onde cada cristão e cristã vivem, oferece a alegria do “vinho novo”, que é o Espírito Santo de Deus, capaz de favorecer relacionamentos qualificadamente fraternos entre nós. Assim como Maria ofereceu a alegria divina (Jesus) ao mundo, a proposta da nova evangelização é continuar oferecendo essa mesma alegria ao mundo inteiro. Oferecer ao mundo a alegria da fé, como tantas vezes recomenda o Papa Bento XVI.

 

A importância da renúncia para viver feliz

            A partir da metade de outubro, a Liturgia colocará diante dos celebrantes dois tesouros: um oferecido pelo Reino de Deus e o outro oferecido pelo mundo. Todos nós estamos envolvidos na grande catequese midiática que ressalta, com luzes e cores, com músicas e proclamações efusivas, os tesouros do mundo. Há um exagero visível que mostra uma vida de exterioridades e de prazeres sustentada com muito dinheiro e muitas influências. A proposta de Jesus ao jovem rico (28DTCB) é de renunciar a tudo isso para viver a liberdade interior de modo pleno. A negativa e a tristeza que tomou conta do coração daquele jovem revelam bem a incompatibilidade entre os dois caminhos, aquele caminho de alegria que se sustenta no dinheiro e, o caminho da alegria que se sustenta no Evangelho, capaz de tirar a preocupação interior para se viver na serenidade da paz divina. A indicação de Jesus, que contemplamos na proposta celebrativa desse Domingo (28DTCB) é pela paz e serenidade interior oferecida pelo Reino; uma riqueza pela qual vale a pena vender tudo e entrar na dinâmica da partilha. Será que a mentalidade de nosso tempo é capaz de entender isso?

            A resposta mais simples à pergunta anterior se resume na frase: “é muito difícil!” A dificuldade pode ser percebida até mesmo entre os discípulos de Jesus, considerando que alguns deles ingressaram no discipulado para obter privilégios sociais. Jesus descartar toda tendência de carreirismo religioso insistindo que a característica do cristianismo encontra-se no serviço, na dinâmica do serviço, mais precisamente (29DTCB), a exemplo do próprio Jesus que “não veio para ser servido, mas para servir.”

            Neste mesmo Domingo (29DTCB) celebra-se o “Dia Mundial das Missões”, que a pedido do Papa Bento XVI reflete o tema: “Chamados a fazer brilhar a Palavra da Verdade”. É também o Domingo, no qual acontece a conclusão do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização. Sobre a temática missionária, nossa proposta celebrativa, considera a importância da vivência do Evangelho no meio do povo. Como dizia Pe. Dehon: “é preciso ir ao povo”, estar com o povo.

 

Ano da Fé

Por fim, a proposta de concluir o mês de outubro contextualizando a celebração na fé, em consonância com o “Ano da Fé”. A celebração (a primeira de outras que virão) contextualiza a fé como confiança que Jesus pode iluminar a vida escurecida de muita gente e da sociedade, tendo como ponto de referência a cura da cegueira de Bartimeu, feita por Jesus (30DTCB). O modo para crescer na fé é entrando na estrada iluminada do discipulado, quando a fé deixa de ser crença e se torna seguimento. Como aconteceu com Bartimeu, por causa de sua fé, deixou de viver na sarjeta da sociedade e começou a caminhar nos caminhos de Jesus e do Evangelho.

Serginho Valle