Pedagogia de fevereiro 2016
29 de Janeiro de 2016
A misericórdia no Tempo Quaresmal
Neste mês de fevereiro, a Liturgia conclui a primeira parte do Tempo Comum num contexto tipicamente vocacional, a partir da experiência mística e espiritual de quem escuta e acolhe a Palavra de Deus. A resposta vocacional de Isaias (1L) e dos Apóstolos (E) não acontece unicamente na esfera da experiência emocional, mas principalmente pela experiência mística da transcendência divina. Ao contemplar a glória divina, Isaias e os Apóstolos se prontificam ao seguimento e à missão. Por isso, a proposta celebrativa para o 5º Domingo do Tempo Comum - C desenvolve-se num contexto vocacional, com destaque para o chamado ao discipulado a partir da escuta e do acolhimento da Palavra. Só quem ouve e acolhe a Palavra é capaz de se dispor ao seguimento, no discipulado e, igualmente ao envio missionário.
Quaresma no contexto do Ano Santo da Misericórdia
Concluída a primeira parte do Tempo Comum, a Liturgia conduz os celebrantes para o seu grande retiro anual, que é a Quaresma. E, como não poderia deixar de ser, a Quaresma deste ano é iluminada pela luz da misericórdia divina. Uma luz que ilumina a vida pessoal, para que sejamos misericordiosos como o Pai é misericordioso (Lc 6.36). O motivo de uma Quaresma iluminada pela misericórdia situa-se no contexto do Ano Santo da Misericórdia. Por isso, se a natureza da Quaresma tem um caráter, em si, misericordioso, o tem com mais intensidade neste tempo tão rico devido ao Ano Santo da Misericórdia.
É justo que vivamos esta Quaresma meditando e refletindo de modo mais profundo a misericórdia divina, para que também nós possamos ser misericordiosos, como o Pai é misericordioso. Por isso, a proposta celebrativa do 1º Domingo da Quaresma - C, pretende incentivar os celebrantes a crescerem na misericórdia, não só como sentimento, de quem tem dó e pena dos sofredores — embora isso seja louvável — mas como atitude de quem vence as tentações do comodismo e da “mundanização” para crescer na solidariedade, no serviço fraterno e na confiança em Deus.
Viver na misericórdia, ter relacionamentos misericordiosos para com todos, exige que cada homem e mulher cresça no caminho da espiritualidade a ponto de assumir o projeto divino com fé confiante, a exemplo de Abraão (2DQ-C). A resposta de Abraão à Palavra de Deus é um ato de fé, uma demonstração da confiança total de que Deus conduz a sua vida. O homem e a mulher jamais viverão relacionamentos misericordiosos sem a fé confiante no Senhor. Ato de fé é igualmente crer que a Transfiguração do Senhor é um convite para nos transfigurar a partir da misericórdia, dedicando a própria vida para transfigurar a vida daqueles irmãos e irmãs que vivem desfigurados pelo sofrimento ou pelos pecados.
Por fim, no último Domingo fevereiro, no qual celebra-se o 3º Domingo da Quaresma – C, a Palavra revela a misericórdia divina para com o povo que se tornou miserável pela escravidão, e revela igualmente como a misericórdia divina se manifesta a cada pessoa, esperando pacientemente que produzam frutos de vida nova. O caminho da conversão e da paciência para com todos, especialmente aqueles que vivem longe dos caminhos divinos, torna-se mais evidente diante da necessidade de assumir atitudes e comportamentos de misericórdia, no contexto deste Ano Santo que estamos celebrando e vivendo.
Serginho Valle