Povo cansado e fadigado
29 de Maio de 2020
Pedagogia de junho 2020
Num olhar rápido, as celebrações de junho parecem uma colcha de retalhos, dada a diversidade temática. Num olhar mais cuidadoso, percebe-se dois temas importantes a serem considerados no processo pedagógico das celebrações deste mês. O primeiro diz respeito ao amor de Deus e o segundo propõe a perseverança.
O olhar do amor de Deus
As solenidades da Santíssima Trindade, de Corpus Christi e do Sagrado Coração de Jesus convidam os celebrantes a contemplar o amor divino para conosco. Atitude contemplativa que introduz os celebrantes na dimensão religiosa da adoração, da ação de graças e do louvor (Santíssima Trindade). Um tema importante porque transporta-nos para a dimensão religiosa da contemplação, da adoração, do estar silenciosamente silenciado diante de Deus e adorá-lo. Religião não é só súplica, é também silêncio diante de Deus.
É em atitude de adoração silenciosa que ingressamos em todas as Eucaristias. Quando silenciamos em adoração podemos contemplar o olhar divino, que vê diante de si uma multidão faminta e fadigada (Sagrado Coração de Jesus). O mesmo olhar divino, pelos olhos de Jesus, está presente na retomada dos Domingos do Tempo Comum, na celebração do 11DTC-A. Uma dimensão pedagógica extremamente importante, essa do olhar divino que vê o povo como ovelha sem pastor (11DTC-A), neste tempo de crise, no qual atravessamos devido a pandemia da Covid 19. É contemplando o olhar divino que aprendemos a ter olhos para ver a fadiga e o cansaço do nosso povo neste tempo de provação. Para isso, a importância e a necessidade de nos alimentar com a vida divina na Eucaristia (Corpus Christi) porque é a Eucaristia que nos dá olhos para ver as necessidades do povo e prestar serviço e socorro em tempo de penúria (Sagrado Coração de Jesus).
Perseverança em tempo de provações
O segundo tema da pedagogia litúrgica deste mês de junho 2020 é a perseverança em tempo de provação. Um tema que vem completar aquele anterior, quanto ao modo divino de olhar o cansaço e a fadiga do povo, vagando como ovelha sem pastor.
É importante considerar que Jesus não esconde as provações que vem mundo, ao contrário, é muito claro diante das provações incitando-nos à coragem: “não tenhais medo dos homens” (12DTC-A). É importante perceber que Jesus não se preocupa em agradar propondo promessas de melhorias de vida, como falam muitas pregações; sua atitude é de atrair para o Evangelho porque ali está a fonte da vida plena. Para o enfrentamento das provações serve o exercício diário da perseverança, da coragem e do discernimento (12DTC-A).
Quanto a isso, a vida dos Apóstolos Pedro e Paulo é um exemplo vivo de perseverança, de coragem e de discernimento. Foram essas virtudes que os tornaram discípulos e missionários do Evangelho. Com as mesmas virtudes, viveremos na fidelidade ao Evangelho e seremos discípulos e missionários em nosso momento histórico, marcado pela provação.
Serginho Valle
Abril de 2020