Pedagogia do mês de OUTUBRO 2022
26 de Setembro de 2022
Pedagogia de OUTUBRO 2022
Como sabemos, outubro, denominado
pastoralmente como ‘Mês Missionário” propõe o tema “A Igreja é
missão” para animar a Campanha Missionária de 2022. O
tema foi escolhido a partir da inspiração Bíblica de Papa Francisco: “Sereis
minhas testemunhas” (At 1,8).
Além dessas motivações, em 2022, a Campanha Missionária completa 50 anos
de história, celebrada em todo o Brasil com a comemoração do Ano Jubilar
Missionário. Outra motivação, em nível internacional, são os 400 anos de
criação da Congregação para Evangelização dos Povos e comemora-se também os 100
anos que o Papa Pio XI concedeu as Obras Missionárias um caráter Pontifício. Some-se
às comemorações a beatificação de Paulina Jaricot que, há 200 anos, fundou a
Pontifícia Obra da Propagação da Fé.
Em âmbito nacional, temos a comemoração dos 50 anos de criação do
Conselho Missionário Nacional (COMINA); 50 anos das Campanhas Missionárias; 50
anos dos Projetos Igrejas Irmãs; 50 anos do Conselho Missionário Indigenista
(CIMI), 50 anos do Documento de Santarém, 60 anos do CCM e 70 anos da criação
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Todas as comemorações tornam o mês de outubro especialmente missionário
com um forte convite para refletir e celebrar os Domingos do mês de outubro
2022 iluminando-se com a luz da sinodalidade missionária da Igreja.
Todas as celebrações esclarecem
que a temática proposta para o mês missionário 2022 — “Igreja é missão” — faz
compreender que a Igreja vive em estado permanente de missão e que a natureza
da Igreja consiste em ser missionária. Ou seja, não é algo optativo, uma
atividade da Igreja entre outras, mas a sua própria natureza. A “Igreja
é missão”.
Uma vez que a Igreja “somos todos
nós”, batizados e confirmados”, ser missionário, ser missionária, não é,
apenas, um compromisso de cada cristão e de cada cristã, mas é a natureza
própria dos verdadeiros discípulos e discípulas de Jesus. Quem segue Jesus,
depois de um encontro existencial com ele, sente-se naturalmente impulsionado
para a missão evangelizadora realizada pelo testemunho de vida.
Iluminados pelas celebrações
dominicais
As propostas celebrativas do SAL –
Serviço de Animação Litúrgica – estão sendo propostas com a finalidade de
ajudar as Equipes de Celebrações e os celebrantes a compreender aspectos da
missionariedade da Igreja propostos na Palavra de cada celebração dominical do
mês de outubro 2022. Assim, a primeira iluminação para compreender vem do
27DTC-C com o tema da FÉ.
27DTC-C — A FÉ em Jesus Cristo,
fonte da missão
Não existe nenhuma dificuldade em compreender a
necessidade da fé para se tornar missionário e missionária evangelizadores
neste mundo cada vez mais indiferente a Deus e, por isso, cada vez mais
distante de Deus. É nesse mundo que professa o chamado “ateísmo branco” — de
viver como se Deus não existisse pela produção de novas idolatrias — que a
Igreja é enviada em missão evangelizadora.
A proposta celebrativa do 27DTC-C valoriza a fé
compreendida como adesão à pessoa e à missão de Jesus Cristo. Não a fé limitada
ao crer (à crença), mas a fé como adesão ao projeto evangelizador de Jesus. A
fé como condição necessária para ingressar no caminho do Evangelho para
tornar-se discípulo, discípula e, consequentemente, missionários e missionárias.
A fé que, pelo testemunho existencial, é capaz de transportar montanhas de
indiferenças religiosas.
28DTC-C — a serviço da vida plena
No segundo Domingo de outubro, o 28DTC-C, a
Palavra propõe a cura de leprosos. A cura do leproso Naamã (1L) e a cura dos 10
leprosos realizada por Jesus (E). Uma “humanidade leprosa” pelas lepras que
marginalizam a vida de milhões de seres humanos, clama pela cura e intercede o
olhar missionário da Igreja. A Igreja realiza bem sua missão quando olha a
realidade do mundo, especialmente a realidade da humanidade, com o mesmo olhar
de Jesus. Uma Igreja que vê a marginalização de milhões de seres humanos e,
como Jesus, ouve o clamor pela cura, pelo cuidado, pela saúde.
Um segundo sinal, na cura dos 10 leprosos,
encontra-se na caminhada de Jesus (E). Jesus é o missionário do Pai e realiza
sua missão evangelizadora de modo itinerante nas estradas do mundo. No contexto
da missionariedade, a Igreja contempla a sua atividade missionária — na missão
evangelizadora — como caminhante nos caminhos do mundo, acolhedora dos
“leprosos” de nosso tempo, favorecendo o encontro com Jesus, pois nele está a
Salvação (SR e 2L). A missão
evangelizadora da Igreja está a serviço da vida plena, especialmente onde a
vida está adoentada e contaminada pela exclusão.
Nossa Senhora Aparecida
Depois de considerar dois temas iluminadores para a missão
evangelizadora da Igreja, o tema da Novena da Padroeira 2022, diz: “Com
Maria, caminhar juntos para construir uma Igreja missionária”. O tema da
sinodalidade ao apresentar Maria como companheira e modelo na atividade da
missão evangelizadora da Igreja é entender que a Mãe de Jesus participa da
atividade missionária da Igreja.
Na proposta de considerá-la como modelo da atividade missionária, a
simplicidade da imagem de Nossa Senhora Aparecida, pequena e frágil, levá-nos a
contemplar a grandeza da presença divina na vida de Maria vivendo sua missão de
colaboradora na obra da Salvação. Missão realizada com a graça divina para se
tornar a "passarela" que une a margem da vida divina com a margem
vida humana e ser, ela mesma, a condutora que conduz ao encontro com Jesus
Cristo. Em Maria, contemplamos a missão da Igreja de comunicar a Jsus a
escasses do vinho novo do Evangelho na festa da vida. Igreja missionária e
servidora da festa da vida.
29DTC-C — A necessidade da oração na missão evangelizadora
Os temas da fé e do serviço, presentes nos dois primeiros Domingos de
outubro 2022, são seguidos pelo tema da oração, que estará presente em dois
Domingos de outubro: no 29DTC-C e no 30DTC-C. O tema orante, presente na
atividade da missão evangelizadora da Igreja, é um dado natural, digamos assim,
apresentado como suporte necessário que intercede a graça da presença divina no
testemunho missionário. É neste aspecto que se apoia a indicação de Santa
Teresinha do Menino Jesus como padroeira das missões. Como ela não podia ser
missionária, in loco, tornou-se missionária pela oração, rezando pelos
missionários e missionárias em seu mosteiro.
A oração é uma
necessidade na obra evangelizadora missionária da Igreja, que não poderá
subsistir sem a oração; sem a oração insistente e perseverante, como proclamado
no Evangelho. O contexto mistagógico deste 29DTC-C encontra sua principal
inspiração na 1ª leitura e no salmo responsorial. A 1ª leitura permite a
comparação de Moisés rezando enquanto o exército de Israel batalhava. É a
imagem de uma Igreja orante enquanto missionários e missionárias atuam no “bom
combate” da atividade missionária da Igreja. Isto encontra ainda mais força no
ensinamento de Jesus, no Evangelho, insistindo na persistência e na
necessidade da oração contínua e insistente.
30DTC-C — Oração humilde e missão num mundo arrogante
Como dito, o tema da oração como necessidade para sustentar a obra
missionária da Igreja, continua no 30DTC-C. É o Domingo, no qual se comemora o
“Dia das Missões”. O Evangelho proclamado nesse Domigo contrapõe a humildade e
a arrogância. A oração humilde da Igreja, como suporte para a missão
evangelizadora, e as orações arrogantes do mundo, com suas preces incapazes de
ultrapassar as nuvens (1L).
No Domingo dedicado como "Dia
Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária", a
Liturgia convida-nos a sustentar a atividade missionária da Igreja, na
evangelização dos povos, com a oração simples e humilde. Num mundo marcado por
discursos que exaltam o poder e a arrogância, a Igreja é desafiada a
evangelizar sustentando-se com a simplicidade e o poder da oração humilde.
31DTC-C – O acolhimento de Zaqueu
Por fim, o último tema que ilumina as reflexões do Mês Missionário, é o
do acolhimento. Nos outros Domingos de outubro foram considerados os temas da
fé, do serviço e da oração. A missão evangelizadora da Igreja acontece pelo
acolhimento e não pelo julgamento que rotulariza as pessoas. Para isso, a
necessidade de se ter o mesmo olhar de Jesus para não julgar Zaqueu, mas para
convidá-lo a se encontrar com o Senhor na sua casa, lá onde mora a vida de cada
ser humano. É assim que surge a consequência da evangelização: o desapego dos
bens e a partilha fraterna, presentes na reação de Zaqueu.
No último Domingo do "Mês Missionário",
sugerimos preparar e celebrar o 31DTC-C chamando atenção para a pedagogia do
olhar divino. Deus tem um olhar diferente do nosso modo de ver as situações e
as pessoas. O contexto mistagógico ajuda os celebrantes a compreender que a
missão evangelizadora da Igreja se realiza com o mesmo olhar divino, que sempre
é compassivo, paciente, bondoso (SR); olhar
sempre disposto a conduzir as pessoas ao encontro da conversão (E).
Conclusão
As propostas celebrativas do Mês de Outubro iluminam-se com a luz da
atividade missionária da Igreja, que sempre é atividade evangelizadora; a
missão da Igreja é evangelizar. Uma atividade que é um horizonte aberto, no que
se refere a reflexões, estudos, debates e iniciativas. De nossa parte, as
propostas celebrativas do SAL – Serviço de Animação Litúrgica – consideram a
missão da Igreja a partir das luzes acesas nas celebrações Dominicais e na
Solenidade de Nossa Senhora Aparecida.
São luzes, nada mais que cinco iluminações que ajudam a compreender que
a missão não se limita a um ato de estar anunciando o Evangelho com pregações e
outras atividades similares. Mas, em compreender que o ato de anunciar o
Evangelho necessita do suporte da fé, do serviço, da oração e do acolhimento.
Serginho Valle
Setembro de 2022