Pedagogia mistagógica de abril 2024
01 de Abril de 2024
Pedagogia mistagógica das propostas celebrativas
Abril 2024
O início do Tempo Pascal, propriamente falando, começa com o 2DTP-B. Depois das grandes solenidades pascais, a Igreja celebra por oito dias — Oitava da Páscoa — o júbilo da grandiosa “obra divina” da Ressurreição de Jesus Cristo. Não bastassem esses dias, a Igreja prolonga a alegria pascal por mais 50 dias, o Pentecostes, o qual é celebrado na Igreja como a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos.
O Tempo Pascal obedece ao mesmo critério pedagógico do Ano Litúrgico de conduzir, em modo mistagógico, os celebrantes a comungar e participar da vida nova que vem da Ressurreição de Jesus. Este é o tema que as propostas celebrativas do SAL – Serviço de Animação Litúrgica – sugerem como pedagogia mistagógica: participar e comungar a vida nova que vem da Ressurreição de Jesus Cristo. É o mesmo que alimentar os celebrantes com a vida nova da ressurreição em cada celebração.
Neste mês de abril 2024, celebramos 4 Domingos do Tempo Pascal: 2DTP-B, 3DTP-B, 4DTP-B e 5DTP-B. Em cada Domingo, a Liturgia propõe condições para participar e comungar a vida nova presente na ressurreição do Senhor, como estarei propondo a seguir.
Fé: condição básica e essencial
2DTP-B
A primeira condição, proposta no 2DTP-B, é a fé. O tema da FÉ está presente nos dois primeiros Domingos do Tempo Pascal, 2DTP-B e 3DTP-B. Aparecerá também nos demais Domingos, mas a luz inspiradora brilhará mais forte nos dois primeiros Domingos da Páscoa. Não basta contemplar admiravelmente a “obra divina” da Ressurreição do Senhor, é preciso dar um passo a mais: ter fé mesmo sem ver, sem exigir provas e nem colocar condições (E). É a bem-aventurança da fé, proclamado no Domingo da Misericórdia que se torna convite para aprender a ver, misericordiosamente, os sinais da Paixão em tantos irmãos e irmãs mutilados por vidas sem sentido, desafiando-nos a viver a vida cristã como caridade partilhada fraternalmente (1L).
3DTP-B
O 3DTP-B continua o mesmo tema da pedagogia mistagógica proposto no 2DTP-B: contemplar a “obra divina” insistindo uma vez mais na necessidade da fé para participar e comungar a vida nova da Ressurreição de Jesus Cristo. Para confirmar os celebrantes na fé, a Liturgia propõe acolher as Escrituras que profetizam a realização do Mistério da Salvação na ressurreição de Jesus Cristo (1L e E). Fé, acolhimento da Palavra e testemunho evangelizador com atitudes concretas da caridade fraterna.
Duas condições para viver a vida nova
4DTP-B
A partir do 4DTP-B, a pedagogia litúrgica conduz os celebrantes a dirigir a atenção à dimensão existencial para se participar e comungar a vida nova da Ressurreição de Jesus. A primeira dimensão existencial, proposta no 4DTP-B, é ouvir a voz do Bom Pastor e caminhar nos caminhos que ele conduzir. A condição para se tornar participante da vida nova, mais que um exercício de audição, é um processo de seguimento na estrada de Jesus, no caminho do discipulado guiado pelo Bom Pastor.
5DTP-B
O segundo compromisso existencial encontra-se no 5DTP-B. Depois de ouvir e seguir o Bom Pastor nos caminhos do discipulado, a Liturgia propõe uma segunda condição: viver na intimidade com Jesus Cristo, como um ramo vive grudado ao caule da árvore. A vida nova da Ressurreição de Jesus é sorvida da linfa do Espírito Santo de Deus. Isto só é possível para quem vive intimamente unido a Jesus (E). É desta situação existencial, de viver intimamente unido a Jesus que nascem os frutos da vida nova na vida pessoal de cada celebrante. É aqui que reside a prova decisiva: ou participamos e comungamos a vida nova da Ressurreição e produzimos frutos, ou seremos cortados e secaremos sem alguma utilidade existencial (E).
Concluindo
De modo bem claro, compreende-se a dinâmica da pedagogia mistagógica proposta pelo SAL e iluminada pela pedagogia litúrgica da Igreja. A Liturgia conduz os celebrantes a se alimentarem com a vida nova da Ressurreição de Jesus vivendo a bem-aventurança da fé sem colocar exigências de provas, deixando-se conduzir confiantemente pela voz do Bom Pastor e vivendo na intimidade de Jesus para, alimentando-se com a linfa do Espírito Santo, produzir frutos de boas obras na caridade fraterna e, pelos frutos das boas obras glorificar o Pai.
Serginho Valle
Fevereiro de 2024