Pedagogia mistagógica de junho 2024

01 de Junho de 2024


A dignidade da vida humana acima de tudo

A pedagogia mistagógica proposta pelo SAL durante o Tempo Pascal ressaltou dois aspectos decorrentes da Páscoa de Jesus Cristo: o dom da vida nova e o envio missionário evangelizador. As propostas celebrativas do SAL consideraram, no decorrer dos Domingos da Páscoa, quatro condições para comungar e participar da vida nova que vem da ressurreição de Jesus: a fé (2DTP-B e 3DTP), acolhimento da voz do Bom Pastor que alimenta a vida cristã (4DTP-B), o viver intimamente unido a Jesus como um ramo unido à videira (5DTP-B) e o cultivo do amor e da alegria (6DTP-B). Os últimos dois Domingos do Tempo da Páscoa foram contextualizados no envio missionário e evangelizador.

A retomada dos Domingos do Tempo Comum, a partir do 9DTC-B, chama atenção para como se fosse uma primeira atividade da vida nova e da evangelização que vem da ressurreição de Jesus: é a promoção e o cuidado da dignidade da vida humana. Um modo, digamos assim, de testemunhar o Evangelho da ressurreição de Jesus é valorizar e cultivar a dignidade da vida humana.

Como é próprio da pedagógica mistagógica, cada Domingo propõe uma centelha do Evangelho e da Palavra, em sua totalidade, para preparar e celebrar as celebrações Dominicais em vista de conduzir os celebrantes a viverem a vida cristã como discípulos e discípulas de Jesus. Uma atividade da vivência do discipulado cristão é a valorização e a proteção da dignidade da vida humana.

Acima de tudo a dignidade da vida humana 
9DTC-B
O primeiro elemento evangelizador, na perspectiva da pedagogia mistagógica proposta pelo SAL, é acolher o ensinamento de Jesus colocando a vida humana acima de tudo, até mesmo das prescrições religiosas (9DTC-B). Assim ensina Jesus quando diz que “o homem foi feito para o sábado e não o sábado para o homem” (E do 9DTC-B). Por isso, diante do homem e da mulher famintos, a glorificação a Deus se encontra no cuidado da vida humana, como ensina Santo Irineu: “Gloria Dei, homem vivens” — a glória de Deus (a glorificação a Deus, em termos rituais) encontra-se na ritualidade de permitir que o homem e a mulher vivam. O primeiro elemento da pedagogia mistagógica em junho 2024 pode ser assim formulado: acima de tudo a dignidade da vida humana.

Sagrado Coração de Jesus
Mas, como é possível valorizar a dignidade da vida humana? A possibilidade encontra-se no acolhimento da proposta divina de modelar o nosso coração humano no Sagrado Coração de Jesus. O gesto simbólico (sacramental) do lado aberto de Jesus revela como Deus se humaniza para elevar a humanidade à santidade, ressaltando a importância de nos aproximar de Deus com atitudes, com relacionamentos fraternos e promotores de fraternidade. Ter um coração semelhante ao Coração de Jesus é a garantia de respeito à dignidade da vida humana.

10DTC-B
A pedagogia mistagógica do SAL, nas duas primeiras propostas celebrativas — 9DTC-B e Solenidade do Coração de Jesus — a Liturgia conduziu-nos a considerar o amor divino que dignifica a vida humana. Na celebração do 10DTC-B aparece a primeira e a principal causa de todas as agressividades contra a dignidade da vida humana: a mentira (1L – 10DTC-B). A mentira, matéria do pecado original (que se encontra nas origens), é tão grave que pode ser tornar um pecado sem perdão: o pecado contra o Espírito Santo (E). O pecado da mentira sempre se opõe à verdade, não somente como antônimo da verdade, mas como impedimento para que a verdade prevaleça. Isto persiste cada vez que o Evangelho é impedido de ser anunciado. O combate contra essa negação é identificado como luta contra Satanás, que busca criar divisões e afastar as pessoas do caminho de Deus e, consequentemente, capazes de agredir a dignidade da vida humana impedindo que as relações sejam fraternas.

Fortalecimento espiritual protege e fortalece a dignidade da vida humana
11DTC-B
Não somos ingênuos, por isso sabemos muito bem que existe um verdadeiro combate para preservar e criar a cultura evangélica que respeita e valoriza a dignidade da vida humana no atual contexto histórico. É um combate que necessita fortalecer-se espiritualmente para não ceder às tentações de Satanás, como aconteceu na origem de tudo, quando o Demônio introduziu a origem do pecado pela porta da mentira (10DTC-B). O fortalecimento espiritual diante da agressividade do pecado não acontece de modo vistoso; assemelha-se a uma semente jogada na terra que silenciosamente vai produzir frutos evangelizados capazes de derrotar o pecado que agride a dignidade da vida humana. É o processo de semear a Palavra e confiar que Deus fará crescer a semente, enquanto a Igreja continua sua atividade evangelizadora.

12DTC-B
O cultivo da cultura em favor da dignidade da vida humana é fortalecido espiritualmente para combater o pecado da mentira (10DTC-B) e para se posicionar corajosamente diante de todas as tempestades que sacodem o barco da vida, o “barco da Igreja”, o “barco da sociedade”. Se a semente do Evangelho, semeada em todos os terrenos, combate a mentira de modo escondido e silencioso (11DTC-B), o silêncio de Deus, que dorme no barco sacudido pela tempestade, não deixa de ser angustiante, como foi a angústia dos Apóstolos. No meio de toda essa tempestade com a qual convivemos, em meio a todos os tormentos, por que Deus não reage? Por que guerras, violências gratuitas, agressividades dentro de famílias, agressões contra a Igreja? Tudo isso, facilmente se percebe, fere a dignidade da vida humana e Deus dorme. Dorme na mesma barca, não está ausente. Basta que o acordemos para que, pela palavra e vivência do seu Evangelho as tempestades sociais e familiares sejam silenciadas.

Exemplares na vida cristã  
São Pedro e São Paulo
A última celebração do mês de junho 2024, São Pedro e São Paulo, propõe estes dois Apóstolos como modelos de vida cristã que enfrentaram todos os desafios propostos nas celebrações deste mês: confrontos com legisladores (9DTC-B), acusações mentirosas (10DTC-B), fadiga de semear as sementes do Evangelho sem resultados aparentes e vistosos (11DTC-B) e tempestades de toda sorte, no mar, na terra e em comunidades (12DTC-B). Apesar de tudo, mantiveram a fé e combateram o bom combate da fé (2L – São Pedro e São Paulo) sem jamais perder a esperança e sem, jamais, deixar de perseverar no projeto divino propondo a cultura do Evangelho, única capaz de valorizar e garantir a dignidade da vida humana.

Conclusão
Durante o Tempo Pascal, a pedagogia mistagógica do SAL destacou o dom da vida nova e o envio missionário, na Ascensão e em Pentecostes. Vida nova é vida digna oferecida por Deus a cada ser humano de todos os tempos e de todas as partes do mundo. A realização disso acontece pela evangelização. A missão evangelizadora, portanto, é dedicação, é entrega da vida trabalhando para implantar a cultura do Evangelho em todas as partes da terra, condição básica para que a vida seja vivida de modo digno em cada homem e mulher. Por isso, as propostas celebrativas do SAL, no mês de junho 2024 propõem a pedagogia mistagógica com a finalidade do compromisso evangelizador: valorizar a dignidade da vida humana em todos os seres humanos. 

Serginho Valle 
Abril de 2024