Pedagogia mistagógica de agosto 2024

01 de Agosto de 2024


Pedagogia mistagógica de AGOSTO 2024

A pedagogia mistagógica, proposta pelo SAL para o mês de agosto de 2024, conduz cada celebrante a se colocar diante da própria vida com uma interrogação: como eu alimento espiritualmente a minha vida? É um tema que já foi refletido em outra oportunidade, mas que ganha relevância a partir da Lectio Litúrgica proposta em Jo 6.

É um tema muito afinado com o Mês Vocacional que, neste ano de 2024, propõe como tema iluminador “Igreja como uma sinfonia vocacional” e o lema: “Pedi, pois, ao Senhor da Messe” (Mt 9, 38). A espiritualidade cristã, vida conduzida pelo Espírito Santo de Deus, forma um acorde sinfônico em vidas que se dedicam ao serviço fraterno em diferentes notas e tons existenciais. Reflete, em certo sentido, a proposta celebrativa da Assunção de Nossa Senhora, na qual a proposta celebrativa do SAL destaca que o caminho “para o céu” se encontra na “rua do serviço”.

A “carne” de Jesus alimenta a vida humana
Após a multiplicação dos pães (17DTC-B), a Liturgia conduz os celebrantes ao encontro de um povo desorientado e insatisfeito, buscando o sentido da vida no pão material, obtido sem o esforço do trabalho (18DTC-B). A vida humana se caracteriza pela busca do pão, e é justamente por isso que os mais pobres se tornam migrantes, deixando suas terras para ir onde o pão é farto. Essa é a realidade de milhões de seres humanos, migrando em busca de sustento, enfrentando rejeição social e até a morte. É a busca legítima pela sobrevivência. Jesus demonstra compaixão para com a fome do povo e pede que seus discípulos e discípulas, sua Igreja, dê de comer a esta gente (17DTC-B).

Eis um tom da sinfonia vocacional que se afina com o envio de partilhar o pão e a vida com quem tem fome, com quem tem sede, com um povo cansado de caminhar em desertos existenciais (1L do 18DTC-B). A vocação cristã, diante de vidas desanimadas, acolhe a proposta de Jesus de conduzir o povo oferecendo um alimento espiritual que dá verdadeiro sentido à vida. Jesus mesmo se apresenta como alimento espiritual (E do 18DTC-B) para nutrir com o “pão do céu” a vida humana (SR do 18DTC-B).

A realidade das murmurações (E do 19DTC-B), o desânimo de tantas pessoas (1L do 19DTC-B) — dentre estas, pessoas próximas de nós, como familiares, por exemplo — faz compreender a necessidade de um alimento espiritual que dê um sentido de eternidade à vida. Pessoas angustiadas precisam desse alimento espiritual para evitar murmurações, insatisfação e amargura. O cultivo da espiritualidade reduz a ansiedade e enche o coração com a suavidade da sabedoria divina (SR do 19DTC-B). Jesus, ao afirmar ser o "Pão descido do céu" e o "Pão da vida" (E do 19DTC-B), se apresenta e, mais que se apresentar, se oferece como o alimento divino necessário para alimentar espiritualmente a humanidade. Jesus não se apresenta apenas como um novo alimento espiritual, mas ele mesmo, a sua carne, é "o alimento" para nutrir a vida de cada homem e mulher.

A proposta de Jesus é, sem dúvida alguma, desafiadora ao se apresentar como alimento e, mais desafiadora ainda, é a condição para se alimentar da vida divina: comendo a sua carne (E do 21DTC-B). Na prática, somos desafiados a nos alimentar da "carne" de Jesus para ingressarmos totalmente no caminho do discipulado. O próprio Jesus reconhece que se trata de um escândalo à compreensão humana. Mesmo assim, não impede que muitos de seus discípulos o abandonem (E do 21DTC-B). O estilo de vida do discipulado não admite dúvidas — não admite a incredulidade — de que Jesus é o alimento divino para a vida cristã.

A fidelidade ao Evangelho é vital, especialmente em momentos de prova, como vemos hoje com tantos católicos deixando a Igreja. A fidelidade a Jesus, demonstrada por Pedro e os Apóstolos (E do 21DTC-B), não permite adaptar o Evangelho ao pensamento contemporâneo para não perder discípulos, mas iluminar os valores sociais com a luz do Evangelho.

Uma afinação na sinfonia vocacional
A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora é uma celebração que favorece colocar-nos diante do tema do Mês Vocacional, relacionando-o com a pedagogia mistagógica de agosto de 2024. A sinfonia de serviços vocacionais presente na Igreja aparece em dois caminhos trilhados por Nossa Senhora: o caminho para o céu e o caminho da caridade fraterna.

A sinfonia dos serviços vocacionais propõe que viver segundo a vontade de Deus conduz o cristão e a cristã à santidade eterna, não por mérito próprio, mas pela graça divina. Maria não somente subiu aos céus, mas subiu também à montanha para, fraternal e caridosamente, se colocar a serviço de Isabel (E da Assunção). A sinfonia vocacional, na nossa Igreja, sempre caminha no caminho da santidade com passos trilhados no caminho do serviço fraterno. Em ambos os caminhos, a necessidade de se alimentar com o “pão vivo descido do céu” (E do 19DTC-B).

Serginho Valle 
Junho de 2024